sexta-feira, 9 de setembro de 2011

CRÔNICAS DO COTIDIANO

APENAS UMA MULHER


De repente fiquei corajosamente romântica.
Acho que foi a chuva que lavou a minha alma, amoleceu as cascas e cicatrizou as feridas.
A saudade... Bem, esta colocou-se num canto apertado da sala e continua me vigiando com a severa rispidez das mães autoritárias. Tudo isso para que eu não venha a chorar ou lamentar-me. Ela arregalaria seus olhos vigilantes e me diria naquele mesmo tom bem intencionado que eu detesto:
Deixa disso, sua boba! Que infantilidade! Ninguém vive de saudade! Ela só nos faz definhar, sua Morta-Viva! Coloca outra coisa melhor dentro do peito que te traga alegria e satisfação!
Mas que nada... Apenas dei uma trégua para a saudade. Sei que ela voltará, apesar de tantos apelos sensatos, pois insensato é um coração apaixonado.
Minha querida mãe autoritária não tem a mínima noção do que seja apaixonar-se. Ela viveu noutros tempos. Naquele de se estar condicionada a cumprir com a obrigação, aliás, com todas... De mãe, de amiga e companheira, amante fiel até à morte, dona de casa irrepreensível, moça prendada,cozinheira, doceira, costureira, uma espécie de virgem maria que duvidava dos seus próprios pecados. 
Ah... Mas eu não sou assim. Já usufrui do contato com altas tecnologias, já aprendi a burlar as leis da lealdade para todo o sempre, tomando tapas na cara. Isto não existe mais!  Ultrapassei todos os limites do possível. Hoje, neste meu tempo, novinho em folha, e ainda por desbravar o improvável, sou apenas uma mulher que ama e quer ser amada. Isto é o mais importante. E custe o que custar, pagarei o preço que for preciso para deixar arder na inquisidora fogueira de hoje a máscara enganosa da "mulher de verdade", usada por todas que foram massacradas ao longo de tanto tempo.
A minha busca é pela felicidade!

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